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O bebê precisa ser humanizado

Você já parou para pensar em como alguém se torna “humano”? Um ser que se comunica, que se situa na realidade, conectado com seus sentimentos e seu corpo, que interage, tem empatia, que controla seus impulsos e sua agressividade, tem autonomia em sua vida e tem a capacidade de buscar seus próprios sonhos?

Diferente dos filhotinhos de animais, que já nascem quase prontos e atingem o ápice do seu desenvolvimento em pouco tempo, o bebê humano necessita de um caminho muito diferente para se tornar uma pessoa civilizada.

O bebê precisa de alguém que o humanize.

Os serem humanos nascem biologicamente dotados com a capacidade para adquirir as características humanas – possuem o aparato necessário para a aquisição da linguagem e também os chamados “neurônios-espelhos”. Esses últimos são os responsáveis pela aprendizagem e pelo comportamento social, dando ao cérebro a capacidade de ativar as mesmas áreas que estão sendo usadas em uma determinada ação pela “simples” observação. Ou seja, quando o bebê observa seus pais comendo ou falando, por exemplo, ele está ativando áreas do seu cérebro, simulando a ação, desenvolvendo caminhos sinápticos e treinando, para mais tarde conseguir fazer por conta própria.

Não é pouca coisa!

Para adquirir as habilidades esperadas ao longo do crescimento, como, falar, ter autonomia (comer sozinho, se vestir, usar o banheiro, saber pedir), interagir, usar a criatividade, o raciocínio e, até para brincar, será inicialmente preciso um cuidador que faça a intermediação entre o bebê e suas experiências vividas! Não é algo que acontece automaticamente, apenas com a passagem do tempo. Portanto, os pais precisam se colocar ativamente nesse complexo processo de desenvolvimento. Conversando, proporcionando continuamente interações, narrando o que o bebê está fazendo, o que pode estar sentindo, o que está para acontecer.

Esse tornar-se pessoa, que parece tão natural aos nossos olhos, só pode acontecer a partir da relação do bebê com aqueles que o cuidam. Ele nasce pronto para interagir e sedento por conhecimento. A tarefa dos pais é apresentar o mundo ao bebê. Tanto o mundo externo, nomeando as coisas, as pessoas e as situações à sua volta, quanto também seu mundo interno, falando o que ele pode estar sentindo, como cólica, fome, tristeza por ficar longe da mamãe e do papai, irritação por não conseguir pegar algum brinquedo. Esse dia a dia é o que vai fazer toda a diferença na evolução do bebê. E não é falar uma vez. É falar sempre, em todas as ocasiões, desenvolvendo nele a capacidade de mais tarde conseguir nomear por conta própria.

Sozinho ele não é capaz de fazê-lo. E pior, quando as pessoas não o ajudam a se situar no mundo, narrando suas histórias, ele acaba entrando em um estado de confusão muito grande. Seus impulsos ficam descontrolados. Não consegue dar contorno ao seu próprio corpinho e às suas vivências.

O que se vê muitas vezes são pessoas falando “do bebê”, mas não “com o bebê”. Não o colocam como parceiro ativo das situações. Esse é um grave problema, pois desestimula o bebê a ter iniciativas, pois ele sente que nunca é ouvido. Desgasta suas emoções e pode deixá-lo em um estado de desistência. O bebê tem uma capacidade incrível de perceber e sentir, mas não é capaz de dar significado ao que vivencia. Por isso, sem a ajuda dos adultos, as experiências vão se acumulando sem ordem, acarretando muitos prejuízos, que podem se perpetuar até a vida adulta, se nada for feito. A raiz de diversos problemas está nessa primeiríssima infância.

Sendo assim, nunca será cedo demais para começar a falar com o bebê! Isso vai humanizá-lo. O bebê precisa do olho no olho, de experiências ricas em interação, de alguém sensível compartilhando com ele suas vivências, de alguém que mostre quanto o mundo pode ser interessante e encantador! Isso, além de estreitar a relação com o bebê, o ajudará a desenvolver capacidades mais complexas do raciocínio.

Não basta esperar que ele sozinho se desenvolva, deixando-o à mercê do “seu próprio tempo”, passando mais horas do dia em tablets e televisão, ao invés de estar se relacionando. Ficando conectado às telinhas, o bebê perde excelentes oportunidades de se espelhar nos adultos. Sabendo disso, os pais podem perceber que todos os momentos são importantes chances de aprendizado.

O bebê para se tornar humano, precisa de humanos interagindo com ele! Ajude-o a conhecer o mundo, conhecer a si mesmo, a ter empatia, a saber agir nas mais variadas situações.

Jacqueline Amorim

Psicóloga CRP 07/24055

Contato: (51) 8041.1240

jacqueline.amorim@outlook.com.br

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