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Intervenção Precoce – Psicoterapia para Pais-bebê


A Intervenção Precoce parte de dois pressupostos essenciais: a importância dos primeiros anos de vida e das experiências iniciais para a constituição física e psíquica do ser humano e o alto grau de flexibilidade neuronal ou neuroplasticidade nessa fase. Este último quer dizer que é no início da vida, quando o cérebro ainda está criando e desenvolvendo novas conexões, que estaremos mais aptos a uma possível reorganização rumo ao desenvolvimento sadio.

Apesar de apresentarmos esta capacidade cognitiva a vida inteira, é nos momentos mais precoces que estamos mais propensos a profundas e significativas transformações, pois é na primeiríssima infância que o cérebro está a todo vapor construindo novas conexões sinápticas.

Fundamentada por essas duas proposições, a Intervenção Precoce é um campo de estudo e tratamento em Psicanálise altamente rico e cheio de possibilidades! A psicoterapia é realizada com bebês de 0 a 3 anos, juntamente a seus pais, por conceber que “um bebê não existe sem sua mãe”, mas somente um bebê sob os cuidados maternos (Winnicott). Por isso, as sessões acontecem com a criança e seus pais, e o foco é na relação que está se estabelecendo e a influência dela entre os membros da família.

O campo da Intervenção Precoce reconhece que há no bebê uma vida psíquica, com potencial imenso, mas que também já está sujeita a sofrimento, assim como em qualquer outra fase da vida. Por isso, se propõem a intervir, não só no sentido de prevenir futuras psicopatologias, mas também para ajudar, pais e bebê, a encontrarem meios de elaborar os afetos e situações que se tornaram fonte de conflitos e que desviaram a relação do seu desenvolvimento natural.

Para entender melhor, é preciso se atentar para o fato de que o bebê nasce profundamente desamparado, não apenas do ponto de vista fisiológico, mas também do ponto de vista afetivo. Isso quer dizer que ele depende inteiramente de outra pessoa nos primeiros momentos de vida, de alguém que possa acolher, traduzir e nomear suas sensações.

Pense que no início tudo é novo para o bebê!

Ele não distingue bem o que é seu ou o que é da sua mãe, por exemplo, ou se os estímulos estão vindos de dentro do seu corpo ou do ambiente externo. Ainda não discrimina se sente dor de barriga ou se está irritado, ou então se está com fome ou se só precisa de um colinho. Tudo é muito confuso e desorganizado. É preciso o olhar atento e cuidadoso de um adulto, conectado e sensível às suas necessidades e demandas, que o ajude a integrar tudo isso, dando sentido e significado a todas as suas experiências.

A relação entre pais e bebê é construída aos poucos. É por meio de tentativas, entre erros e acertos, que a comunicação entre a dupla (pais-bebê) vai se estabelecendo. E é justamente nesse processo complexo de estabelecimento do vínculo e de início da constituição psíquica e da personalidade do bebê que algumas coisas podem se atravessar e começar a atrapalhar o percurso. Quando isso acontece, de alguma forma o bebê reage a isso, apresentando algum entrave em seu desenvolvimento normal.

O bebê, ainda muito imaturo para conseguir se comunicar por meio de uma linguagem verbal, expressa através da linguagem do seu corpinho quando algo não vai bem. Lembre-se que é por esta via que, mesmo no curso normal do desenvolvimento, o bebê acusa quando precisa de algo – fome, troca de fralda, afeto, frio, calor, etc. Nada mais natural que também seja pela via de seu corpo que comunique quando não está bem emocionalmente.

O psiquismo do bebê é frágil e se organiza através da relação dele com o ambiente, prioritariamente com os seus pais, que são suas figuras de referência. Portanto, devemos ficar atentos a essa linguagem, à sua expressão não verbal, que nos aponta quando algo não vai bem. O bebê nos mostra quando alguns reajustes em seu meio precisam ser feitos, ele nos dá indícios, só precisamos escutá-lo.

E como reconhecer essa necessidade? Podemos observar a partir dos distúrbios em sua rotina, quer seja em seu sono, sua alimentação ou em seu comportamento global, como dificuldades para dormir, alergias, refluxo, vômitos, recusa de alimentos, constipação, irritabilidade, apatia, agressividade, rigidez muscular, etc. Além de adoecimentos recorrentes, como gripes, infecções, febres, convulsões, problemas respiratórios, etc. São sintomas psicossomáticos comuns, facilmente tratados apenas como “problemas médicos”. Porém, em muitos casos podemos observar que não se encontra nada que clinicamente justifique tais sintomas. E, talvez por falta de conhecimento da existência da Intervenção Precoce, os pais vão esperando que com o tempo os sintomas desapareçam.

Mas, não é preciso esperar e fazer com que o bebê se desgaste e aumente o sofrimento da família. Saiba que é justamente nesses casos que a psicoterapia para pais-bebê é fortemente indicada! Essas manifestações corporais costumam ter significados emocionais subjacentes, portanto, não podemos ignorar e negar ajuda ao bebê.

Desprezar as emoções como influência de sintomas orgânicos seria simplificar e reduzir demais a complexidade que é o corpo humano. E não devemos cair na armadilha de pensar “ah, mas é só um bebê...”. É por ele ainda não ter condições de sozinho encontrar auxílio que temos o dever ajudá-lo.

Nas consultas, o psicólogo entrará com sua escuta empática, tanto para os sintomas do bebê, quanto para as angústias despertadas nos pais, disponibilizando um espaço de reflexão. Os pais serão convidados a falar de si mesmos, de suas famílias de origem, de seus passados e das repetições de certos comportamentos, para que possam gradativamente exercer a parentalidade de forma mais consciente, contextualizando suas atitudes e suas vivências.

Devemos pensar nesses sintomas como uma oportunidade para parar e pensar sobre o momento e a relação – é como se o bebê estivesse dizendo aos seus pais “ei, estou aqui!”. Da mesma forma que se cuida da saúde física, é preciso também cuidar e saber que existem formas de tratamento voltadas à saúde mental e ao bem-estar emocional do bebê!

Sendo assim, a Intervenção Precoce aparece como um valioso recurso para restabelecer a livre comunicação e os afetos entre pais e bebê, fortalecendo o vínculo e o desenvolvimento saudável, oportunizando qualidade à dinâmica familiar.

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