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Risco de Desenvolvimento de Autismo - Sinais Precoces


O que se sabe de mais atual em relação à etiologia do autismo tem a ver com epigenética, ou seja, a informação genética que um bebê carrega poderá ou não ser ativada, dependendo das circunstâncias ambientais. Portanto, não existiria um único marcador biológico para o desenvolvimento do autismo, mas, sim, uma combinação entre os diferentes genes e a relação desses com o ambiente.

Isso retoma importância do ambiente para o desenvolvimento do autismo. Porém – e que fique frisado aqui – isso não é para culpar as mães, pais e familiares da criança com autismo, como reclamam muitos que criticam a Psicanálise! Não mesmo. Mas, sabendo que a relação com os pais e com o ambiente TAMBÉM está implicada no aparecimento do autismo, então podemos pensar em tratamento! Já que não existe um marcador biológico que determinará o desenvolvimento do autismo, e as características de determinados genes irão se manifestar de acordo com sua relação com o ambiente, então, é possível pensar em Intervenção Precoce!

Esse conceito pressupõem uma complexidade muito maior, é verdade, porém, também uma maior esperança em relação ao futuro dessa família, pois, a genética não mais determinando o que essa criança pode vir a ser, abre-se um leque de possibilidades. Portanto, a partir desses pressupostos, apoiados nas neurociências, podemos pensar agora em intervir para que o ambiente sirva como um motor para o desenvolvimento dessa criança!

Sim, estou sendo bastante repetitiva... Mas, quero deixar bem claro o porquê a Psicanálise dá tanta importância às relações iniciais de todos nós seres humanos e o porquê acredita tanto na mudança e no tratamento!

Outra coisa que se sabe é que quanto mais cedo se iniciarem as intervenções, melhor será o prognóstico dessa criança. E o mais cedo, estou querendo dizer o mais cedo possível mesmo! Ainda nos primeiros meses de vida do bebê. A postura cautelosa que os profissionais do Brasil têm adotado para apontar um risco de autismo tem feito muitas crianças perderem preciosos momentos em que já poderiam iniciar os primeiros cuidados.

Sim, realmente é muito perigoso dar um diagnóstico para um ser tão pequenininho, com tanto ainda para crescer e se desenvolver. Por isso, as últimas pesquisas têm falado em “risco de desenvolvimento de autismo”, o que muda toda a perspectiva com que olhamos para estes sinais. Não mais como um diagnóstico fechado e, sim, como um bebê que está dando sinais de que algo não vai bem. Os primeiros sinais de risco de desenvolvimento do autismo podem começar a ser observados antes ainda dos primeiros três meses de vida do bebê.

Geralmente, vemos uma grande lista de sinais de risco de autismo, como, por exemplo: dificuldade em olhar nos olhos; empilhar ou separar brinquedos por cores e tamanhos; falta do brincar simbólico; atraso na fala; movimentos corporais estereotipados, etc. Estes sinais são realmente importantes, porém, eles só poderão ser observados, em sua maioria, em crianças de 2, 3, 4 anos ou mais. No entanto, na perspectiva da Intervenção Precoce, neste ponto do desenvolvimento, muito já se deixou de ser feito.

Por isso, quero trazer os sinais ainda mais precoces para se observar o risco de autismo.

  • O bebê não se aninha no colo – sabe quando você pega um bebezinho e ele parece que se molda no seu corpo? Pois então, neste caso o bebê fica mais inflexível, parecendo intolerante ao contato.

  • O bebê costuma se acalmar melhor sozinho – quando o bebê chora, os pais tentam dar colo, embalar, mas o bebê só para de chorar ao ser colocado no berço.

  • O interesse do bebê está muito voltado a objetos que giram, como ventiladores e rodas no carrinho.

  • O bebê não demonstra interesse pela figura uma humana – não busca a mãe ou pai pelo olhar.

  • O bebê não demonstra interesse pela voz humana – o bebê não reage à fala da mãe ou do pai, parecendo ser surdo.

  • O bebê pouco sorri, pouco olha nos olhos – não é que não os faça, mas faz muito menos em relação aos bebês sem risco no desenvolvimento.

  • O bebê não continua uma interação – sabe quando você brinca com um bebê dizendo “vou pegar o seu pezinho?!”, o bebê dá risada e demonstra se mexendo, emitindo um som e olhando, que quer de novo? Neste caso, o bebê não reage, ou pouco reage às brincadeiras e trocas afetivas.

  • O bebê não desenvolve protoconversação ou apresenta um grande atraso – muito antes da criança pronunciar suas primeiras palavras, ela começa a emitir certos sons, ainda nas primeiras semanas de vida, que são o início de uma comunicação. O bebê emite gritinhos, arrulhos, suspiros e depois passa a balbuciar as primeiras sílabas. Na protoconversação, o bebê e sua mãe parecem interagir e “se entender”, um emite um som, depois o outro continua a “conversa”. No caso do bebê com risco de autismo, essas conversações iniciais pouco acontecem, ou chegam com grande atraso.

  • O bebê não reage à própria imagem quando colocado em frente ao espelho – isso a partir dos 8 meses, que é quando ele começa a apresentar essa capacidade.

Estes são os primeiros sinais de risco de autismo. Se o bebê apresentar estes sinais não quer dizer que ele TEM autismo, e sim, que é MUITO importante ficar atento e já neste momento é indicado procurar um profissional habilitado o quanto antes, para ajudar a detectar e, se necessário, já começar a intervir!

Vocês percebem como, desde o início, o bebê parece não reagir ao investimento e ao cuidado dos seus pais? Esse ponto também é fundamental para o agravamento de um risco de autismo, pois, um bebê que não responde ao amor de seus pais acaba fazendo com que estes entrem em sofrimento, intensificando um círculo vicioso muito perigoso para o desenvolvimento dos sintomas.

Existe muito mais sobre o assunto que não foi possível aprofundar, pois não foi a ideia deste texto! O que quero passar é que devemos ficar atentos aos bebês, para que possamos dar a chance de uma intervenção a tempo! A tempo de tornar maiores as chances desse bebê e sua família de terem um futuro com mais qualidade e menos desgaste e sofrimento!

Jacqueline Amorim

Psicóloga CRP 07/24055

Contato: (51) 8041.1240

jacqueline.amorim@outlook.com.br

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