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#Inspiração2

A Dor de Amar

Nasio descreve em seu livro que, para Freud, o sofrimento nos ameaça de três lados, porém, é a última delas que nos interessa nesse momento: “provém das nossas relações com os seres humanos. O sofrimento oriundo dessa fonte é talvez mais duro para nós do que qualquer outro”.

Freud, então, discorre sobre os diferentes meios utilizados para evitar esse sofrimento – entre as possibilidades mais e menos extremas, a defesa mais imediata é o isolamento voluntário – procura-se manter distância das outras pessoas. Em uma tentativa de afastar a infelicidade provinda do outro, evita-se o contato com o mundo externo.

Mas há outro remédio ainda melhor para quando o sofrimento nasce da relação com o outro, que a primeira vista é muito simples, o do amor ao próximo. “Algumas pessoas preconizam uma concepção de vida que toma como centro o amor, na qual se pensa que toda alegria vem de amar e ser amado”. Freud afirma que essa atitude é muito familiar a todos nós – “certamente, nada mais natural do que amar para evitar o conflito com o outro. Vamos amar, sejamos amados e afastaremos todo o mal”.

Isso em qualquer relação. Procuramos muitas vezes desesperadamente evitar o confronto, para que em troca sejamos amados e reconhecidos.

Entretanto, é o contrário que ocorre.

Freud continua: “Nunca estamos tão mal protegidos contra o sofrimento como quando amamos, nunca estamos tão irremediavelmente infelizes como quando perdemos a pessoa amada ou o seu amor”.

Nasio considera essas frases de Freud notáveis “porque elas dizem claramente o paradoxo incontornável do amor: mesmo sendo uma condição constitutiva da natureza humana, o amor é sempre a premissa insuperável dos nossos sofrimentos. Quanto mais se ama, mais se sofre”.

E o que eu quero dizer com essas reflexões? Bem, assim como Nasio propõe, vamos deixar esta teoria “meditar em nós”, sem que façamos nada. “Se essa teoria da dor, por mais abstrata que seja, for realmente fecunda, ela terá talvez o poder de mudar a nossa maneira de escutar o paciente que sofre ou o nosso próprio sofrimento íntimo".

(trechos do “O Livro da Dor e do Amor”, de J.D. Nasio)

Se for verdade que não temos como evitar a dor no relacionamento com o outro, já que “todo encontro é semeado de obstáculos” (Eugéne Enriquez), então possamos que possamos aceitá-la e transformá-la.

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